Quando o Equipamento é “Bom o Bastante”

Neste mundo consumista que vivemos é difícil se contentar com o equipamento que se possui. Sempre existe algo novo no mercado, um tênis novo, uma bike nova, um produto que pode te ajudar a ir mais longe, com mais força e cansando menos. Mas até que ponto estes produtos te ajudam realmente? Até quanto vale a pena pagar por algo que promete performances excepcionais?

Eu, desde a muito tempo, sou adepto da filosofia do Bom o Bastante. Devemos procurar os produtos que estão de acordo com o nosso nível de habilidade, condicionamento e expectativas. Devemos procurar algo que atenda as nossas necessidades sem prejudicar o nosso desempenho mas também sem ter “produto” demais para o nosso caminhãozinho.

Quando eu voava de parapente ouvi um amigo meu dizer que iria comprar um equipamento de competição. Falei para ele que achava que não valia a pena o investimento, pois o ganho seria muito pequeno. Na verdade, acho que seria um revés, pois o nível de segurança daquelas velas era muito menor. Mas ele me disse que a filosofia dele era comprar o melhor produto que existisse no mercado, pois daí ele poderia aproveitar mais.

Aproveitar mais? Mais o que? Um equipamento de competição, que faz você voar 0,05km/h a mais só vai fazer sentido para os profissionais, onde cada centímetro de velocidade faz a diferença. Para nós, atletas amadores, não vai ajudar em nada. Na verdade vai prejudicar, pois o nível de segurança é menor.

De que vale comprar uma bike de quadro de fibra de adamantium, que pesa 2kg (e custa R$27.000), se o que você faz é cicloturismo no final de semana? Bem, também não vá comprar aquela bicicleta do supermercado, anunciada como 27 marchas e suspensão integral por R$ 150. Neste caso vale mais o caminho do meio: uma boa bike, de marca conhecida, que custe entre R$1.500 e R$2.500. Esta com certeza vai atender 90% dos atletas que querem um bom equipamento para um treinamento amador/sério.

O Bom o Bastante nada mais é do que equiparar o equipamento procurado com a sua habilidade no momento. Não compre algo que você se arrependa depois, para mais ou para menos. Quer coisa pior do que comprar algo que é aquém das suas expectativas? Você fica decepcionado com o produto e acaba gastando mais para conseguir um produto melhor. E quer algo mais humilhante do que ter uma bike de R$ 10.000 e ser ultrapassado numa subida por um senhorzinho de barraforte?

E isso vale para quase quase tudo. Hoje em dia qualquer mountain bike decente possui suspensão dianteira. As de suspensão traseira estão ficando mais populares pois o preço cai a cada dia. Eu gostaria de ter uma full-suspension? Claro! Mas isso vai mudar o modo que eu ando ou melhorar muito o meu desempenho? Não, com certeza!

Como o dinheiro não nasce em árvores (pelo menos para a maioria), é sadio escolher bem o que comprar, tendo o bom senso de não exagerar para um lado ou para o outro. Sabe aquela sensação de desconforto, quando você es’ta em um ambiente diferente do que está acostumado? Pois é isso que você deve evitar com um equipamento novo. É como tentar conviver em uma classe social diferente da sua. Você até pode se acostumar, mas tenha certeza que o caminho ou vai ser bem sujo ou muito caro. 🙂

Procure um equipamento que esteja de acordo com o seu condicionamento e habilidades. Você vai ver que a convivência será muito mais alegre e fácil, para ambas as partes. 🙂

Ou como disse o meu amigo Rodolpho Pajuaba: “não interessa o tamanho da varinha, mas a mágica que se faz com ela” 🙂

6 comentários ↓

#1 Xampa on 08.27.10 at 1:41 pm

Belo post. Outro dia, fui assistir a uma prova de triathlon aqui no Rio e vivenciei muito o que vc está falando. Vi um cara que não sabia montar na bicicleta, mas que tinha uma bike de 3000 dólares e um capacete aero. Pra que? Ok, o dinheiro é dele. Mas, pra que?

#2 Rodrigo Stulzer on 08.28.10 at 8:53 am

Para se envergonhar, vendo o tio da barraforte passar? 🙂

#3 Daniel Nunes on 08.28.10 at 8:56 am

Parabéns pelo post, também penso assim, acho que um equipamento de ponta, voltado para competição, não vai fazer diferença para um amador, mas nas mãos de um profissional pode significar um título mundial, dando um exemplo: os maiôs usados pelos nadadores que estavam ajudando na quebra dos recordes, na minha mão ele não seria mais que um vestimento pra chamar a atenção do pessoal, na mão de Cielo significou um recorde mundial.

#4 Luiz on 08.31.10 at 6:10 pm

Verdade, mas eu ainda vou comprar uma full igual a da parte de cima da foto 🙂

#5 XT-Wings: Um Ótimo Tênis para Aventuras — Transpirando.com on 09.03.10 at 7:04 am

[…] puramente subjetiva e não tenho a intenção de me aprofundar mais. O que me interessa é que ele me atende bem e estou satisfeito! Para uma análise mais técnica dê uma olhada no blog do George Volpão. […]

#6 remyton on 10.14.11 at 10:09 pm

olá qual é a marca desta bike de adamantium?

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