Nesta última sexta-feira eu estava pilhado. A excitação pela pedalada para o Cerne tomou conta de mim. De tarde já dava para sentir o clima no ar. Eu e os companheiros de pedal trocávamos vários emails, freneticamente. Era só Cerne! Cerne! Cerne! Não adiantava, a excitação pré-evento tinha me pego em cheio.
Isso tem acontecido sistematicamente nos últimos meses e eventos que participo. A vontade é tão grande que pareço menino esperando o dia das crianças ou o papai noel. Sei que dali a pouco vou ganhar um presentão e não consigo me conter.
Todos os últimos eventos que participei foram assim. Na Corrida de Aventura de Tijucas do Sul, eu havia convencido dois amigos a participar, e tinha a responsabilidade de que a aventura fosse legal. No Mountain Do o bicho pegou na largada, assim como na Corrida de Montanha, em Campo Magro e na Corrida da Comunicação. O stress e excitação em eventos com largada crescem porque existe um horário específico para começar. Não é antes nem depois.
Quando o evento não é uma competição e o horário é mais flexível, o stress diminui um pouco, mas não acaba. O que entra aí é a excitação pela aventura que está chegando. Tem de tudo um pouco: a organização com os companheiros, o ritual de arrumar as coisas, as horas anteriores que não passsam (ou passam rápido demais).
Na sexta, antes do pedal do Cerne, eu planejava dormir cedo, pois teria que acordar as quatro da manhã. Pensei em ir para a cama as dez da noite. Acha que consegui? Deitei depois da meia-noite e fiquei fritando de um lado para o outro, pensando em mil coisas. Acabei dormindo um pouco e acordei um hora depois. Fritei mais um pouco e acordei antes do relógio despertar. No final das contas dormi menos de duas horas. E isso para enfrentar um pedal de doze horas no dia seguinte! 🙂
Tento fazer algumas coisas para minimizar este estado de excitação. Não que funcionem, mas pelo menos ajudam um pouco. Primeiro chego em casa e tomo um bom banho. Depois janto, até porque preciso estar bem alimentado para o dia seguinte.
Depois disso é que vou arrumar as coisas. Normalmente eu já sei de cabeça o que preciso pegar para levar. Mesmo assim, durante o dia, eu fico com um papel e vou anotando tudo o que lembro. Deste jeito sei que não vou esquecer nada, pois tenho um dia inteiro para lembrar.
Depois de jantar pego aquele papel e vou buscando as coisas, riscando o que já arrumei. Uma coisa que ajuda também é ter uma caixa transparentem de transporte, com os meus objetos de aventuras.
Depois de arrumar tudo, deixo-as em um local bem visível, fácil de pegar e, de preferência na saída. As roupas também separo e até visto, para ver se está tudo certo. Outros acessórios também são importantes testar: colocar o capacete, ver se a regulagem está legal, se não é preciso deixá-lo mais apertado ou frouxo. Colocar os tênis, separar as meias, relógios, etc, etc, etc.
O negócio é deixar tudo pronto na noite anterior para que você consiga pelo menos estar descansado neste aspecto: tudo está certo, e não vai ser por isso que você vai se estressar.
Mas a pilha não tem muito jeito. Eu, com o passar dos anos, fico tão, ou mais excitado, do que ficava antes. Sei que vou sair, andar pelo mato, reencontrar os amigos, sentir o ar puro. Sei que vou suar, transpirar. Sei que meus batimentos cardíacos vão aumentar, que eu vou ficar sem fôlego, que vou ver coisas legais e encontrar gente saudável, de bem com a vida, que querem aproveitá-la ao máximo, interagindo com a natureza.
Neste caso a excitação não é algo ruim, mas sim parte de um processo pelo que passo em todos os esportes que pratico. Em uns ela é maior, em outros, menor. Seja num dia de ondas grandes, de uma corrida diferente ou de um pedal animal, tudo contribui para a excitação.
Na verdade a pilhação só muda depois a corrida começa, que o pedal esquenta ou que a onda chega. Aí vem a curtição pelo momento, e é quando realmente se aproveita aquele estado de espírito.
E quando ela acaba, não fico triste. Estou cansado demais para isso. Fico feliz, pois estava entre amigos, aproveitando cada momento, sabendo que na próxima semana tem mais! 🙂
E você, fica muito pilhado antes de praticar algum esporte?
5 comentários ↓
Dissonância cognitiva diria meu professor de Marketing, isso é dissonância cognitiva.
Definitivamente, você só ira se estabilizar quando aquilo que está “disforme”, no caso, a ansieadade “incontrolável”, for sanada.
É como comprar uma coisa que você quer muito. A segunda página do manual diz: Parabéns, você adquiriu…. ou seja, VOCÊ CONSEGUIU, É SEU! Pode se aliviar.
Mas cá pra nós, não tem como não dormir PILHADO antes de uma grande expedição, eu geralmente perco o sono.. não tem santo que ajude….
Quando participo de uma competição de parapente ou simplesmente vou voar, faço o possível para nunca deixar de lado um pequeno ritual de meditação minutos antes da prova começar. Ele consiste em silêncio e a visualização de “um filme” que antecipa cada etapa da prova. Isto me relaxa muito e torna as etapas mais previsíveis.
Nunca, mas nunca mesmo posso me esquecer de fazer as necessidades fisiológicas, pode parecer incrível, mas a pilha pode ser tanta que o esportista é bem capaz de sair correndo para depois descobrir que ficou faltando justo aquele cocozinho…
Também sou iniciante, lembro de você na corrida da Comunicação.
O estress também me persegue, parece que a única coisa que eu sei pensar é em correr…
[…] problema de correr a noite é que você chega em casa ligadão, ou pilhado como dizia Rodrigo. Fui conseguir dormir lá pelas 2h somente… Coisa de […]
[…] aconteceu desta vez, mas eu não estava totalmente motivado antes da prova. Não estava com aquela euforia pré-prova mas também queria participar. Não sei exatamente o que […]
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