Nesta semana assisti ao documentário The Distance of Truth, que conta a história da Corrida de Badwater de 2005.
Badwater é uma ultramaratona de 216 quilômetros que começa no Vale da Morte, na Califórnia, a 90 metros abaixo do nível do mar e termina no Monte Whitney, a mais de 2.700 metros de altitude. Não é à toa que ela é conhecida como a corrida mais dura da Terra.
Fiz o pedido direto pela página oficial do filme e paguei com cartão de crédito. Uma semana depois já estava com o pacote em casa.
O filme foca o atleta Ferg Hawke, com 48 anos na época das filmagens. Ele havia chego em segundo lugar na corrida de 2004, ficando apenas a sete minutos do vencedor, o famoso ultramaratonista Dean Karnazes.
Ferg não é um atleta profissional. Ele é como nós pobres mortais, com mulher e filhos, e trabalha como um operador num aeroporto do Canadá, sinalizando para ajudar os aviões a estacionar.
O documentário é no estilo clássico, com os entrevistados contando as suas histórias diretamente para a câmera, belas imagens do deserto e o calor infernal, sempre presente. A corrida é dura mesmo e é difícil entender como aquelas pessoas se submetem a tamanho esforço físico.
Eu já tinha lido que uma ultramaratona se corre a metade com o corpo e a outra metade com a mente, e é exatamente o que eles dizem (e fazem) no filme. Não dá para acreditar que mesmo após 24 horas eles ainda tenham forças para correr.
E eles correm de verdade! Achei que em provas assim as pessoas passassem muito tempo andando, depois de tanto esforço físico. Mas que nada! Eles correm mesmo, mantendo um ritmo impressionante.
É claro que algumas vezes eles andam, principalmente nas subidas intermináveis. Mesmo assim é impressionante o preparo físico de todos os participantes.
Num filme como este é que dá para entender como a mente é capaz de feitos fantásticos. Se fosse somente pelo corpo, mais da metade dos participantes iriam desistir muito antes do final da prova. É a garra e a força de vontade que mantém estas pessoas correndo a temperaturas que superam os 50 graus. Dá até para pensar porque os organizadores escolheram justo o mês de julho para fazer uma ultramaratona no deserto. Mas isso só justifica ainda mais o perfil da corrida.
Vale tudo para se refrescar: borrifos de galões de água, roupa inteira branca e submergir numa tina de gelo. Até correr na faixa branca do asfalto para não derreter o tênis é uma das técnicas dos participantes!
Eu não sei se conseguiria ter ânimo psicológico para enfrentar um desafio destes, mas é emocionante ver cada corredor concluindo a prova. Não interessa se ele fez a prova em 21 ou 36 horas. A emoção é a mesma e me peguei chorando junto na chegada de cada um.
A paixão pelos esportes e por desafios é uma constante em cada um dos competidores. Eles podem até não saber por que estão lá, se esforçando além dos limites, mas com certeza seus corações sabem.
6 comentários ↓
Eu li o livro do dean karnazez , ” O Ultramaratonista ” onde ele relata essa prova . Realmente muito dura …
Onde posso encontrar este documentário ?
correr é um ato primitivo e forte…tão forte que apenas os mais bem dotados se submetem a tal atitude .— também sou corredor de rua . miguel!
Alguém saberia me dizer, quanto que é a premiação da BadWater?
Eu cansei só de pensar! Corri pouco mais de 4h e já achei que tinha corrido demais. Imagina um dia inteiro correndo. Tô na fila pra emprestar o DVD.
Abraço
Olá a todos,sou ultra-maratonista e aqui na minha terra temos boas provas, tais como Melides Tróia, geira romana e muitas mais, só quem faz este tipo de desporto percebe que não é já por dinheiro mas sim pelo prazer de ir mais longe.
Bons treinos
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