Livro: Na Natureza Selvagem

Acabei de ler o livro Na Natureza Selvagem, de Jon Krakauer, autor também de Sobre Homens e Montanhas, ambos emprestados do meu amigo Claudio Fuzino. A uns dois anos atrás  eu havia visto o filme, e gostei muito; mas muuuuito mesmo! O livro já a algum tempo queria ler, mas nunca tinha dado certo.

Não quero dizer aqui tudo o que falei quando escrevi sobre o filme no meu blog pessoal, mas é impossível não falar (e me repetir) em vários aspectos.

O livro conta a história de Chris McClandess e sua busca pelo encontro da natureza na sua mais pura forma. A partir da sua formatura na universidade ele se lança em uma aventura de dois anos que tem um desfecho dramático nas geladas terras do Alasca.

Eu me identifiquei muito com a história de Chris, que a partir do momento em que entra na aventura passa a se chamar Alexandre Supertramp (tramp = vagabundo). Alex resolveu romper com a sociedade (muito bem representada na música Society, de Eddie Vedder) e se entregar totalmente nos braços da natureza, levando a extremos o mergulho no meio ambiente hostil e inóspito do Alasca.

No livro é possível entender um pouco mais das motivações de Chris para fazer o que fez. Se no filme vemos passagens do seu diário, no livro isso tudo é expandido, mostrando as suas motivações, anseios e desejos. Grafei algumas passagens para deixar o próprio Alex/Chris falar o que ele sentia:

“Quanto a mim, decidi que vou levar esta vida durante algum tempo ainda. A liberdade e a beleza simples dela são boas demais para deixar passar”

“É nas experiências, nas lembranças, na grande e triunfante alegria de viver na mais ampla plenitude que o o verdadeiro sentido é encontrado. Meu Deus, como é bom estar vivo. Obrigado! Obrigado!”

Mas a essência do pensamento de Chris está numa carta que enviou para um velho amigo que encontrou durante parte de sua aventura. A carta é grande, mas mostra um pouco de como Chris via a vida e como achava que deveria ser vivida. As partes em negrito são minhas:

“…Gostaria de repetir o conselho que lhe dei antes: Acho que você deveria realmente promover uma mudança em seu estilo de vida e começar a fazer corajosamente coisas em que talvez nunca tenha pensado, ou que fosse hesitante demais para tentar. Tanta gente vive em circunstância infelizes e, contudo, não toma a iniciativa de mudar sua situação porque está condicionado a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo, tudo isso que parece dar paz de espírito, mas na realidade nada é mais maléfico para o espírito aventureiro do homem que um futuro seguro. A coisa mais essencial do espírito vivo de um homem é a paixão pela aventura. A alegria da vida vem de nossos encontros com novas experiências e, portanto, não há alegria maior que ter um horizonte sempre cambiante, cada dia com um novo e diferente Sol. Se você quer mais de sua vida, Ron, deve abandonar sua tendência à segurança monótona e adotar um estilo de vida confuso que, de início, vai parecer maluco para você. Mas depois que se acostumar a tal vida verá seu sentido pleno e sua beleza incrível. Em resumo, Ron, saia de Salton City e caia na estrada. Garanto que ficará muito contente em fazer isso. Mas temo que você ignore o meu conselho….

Mova-se, seja nômade, faça de cada dia um novo horizonte. Você ainda vai viver muito tempo, Ron, e será uma vergonha se não aproveitar a oportunidade para revolucionar a sua vida e entrar em um reino inteiramente novo de experiências…

Ron, eu espero realmente que , assim que puder, você saia de Salton City, ponha um pequeno trailer na traseira de sua picape e comece a ver algumas das grandes obras que Deus fez aqui no Oeste americano. Você verá coisas e conhecerá pessoas e há muito a aprender com elas. Deve fazer isso no estilo econômico, sem motéis, cozinhando a sua comida como regra geral, gastando o menos que puder e vai gostar imensamente disso. Espero que na próxima vez que o encontrar você seja um homem novo, com uma grande quantidade de novas aventuras e experiências na bagagem. Não hesite nem se permita dar desculpas. Simplesmente saia e faça isso. Simplesmente saia e faça isso. Você ficará muito, muito contente por ter feito.”

Chris não se permitiu pensar nos problemas que teria pela frente. Simplesmente arrumou sua mochila, queimou seu cartão de crédito e o pouco dinheiro que tinha no bolso, e saiu. Abraçou a vida, e a natureza, para desfrutá-la na sua crueza, se emocionando com a bela paisagem do Alasca e chorando ao ver uma manada de caribus passar por ele.

Muitos o chamaram de louco, despreparado e até descuidado por todo o drama que passou. Pode até ser, mas ele fez uma escolha e entrou de cabeça na natureza.

O livro e o filme são muito bons, mas já adianto que eles vão mexer com você… É meio difícil sair deles sem pensar em mudar uma ou duas coisas de sua vida. Para alguns pode ser  a vida inteira. 🙂

11 comentários ↓

#1 george on 03.08.10 at 9:18 am

Muda mesmo, velho… Minha vida se tornou mais desapegada ao processar as informações do livro, que li a primeira vez há uns 5 anos. Sempre bate aquela coisa: por que não tenho coragem de viver assim, dessa forma intensa? E acabou chegando naquela conclusão que tratamos dias atrás: o caminho do meio.

Como vc disse, Society, escrita por Eddie Vedder especialmente pro filme, é perfeita nesse aspecto, ao tratar de como as coisas funcionam nos dias de hoje.

Cara, esse livro-filme tem uma carga emocional muito forte que acredito que apenas os abertos e sensíveis às coisas da vida podem sentir. É realmente uma história impressionante e que se mais pessoas dessem a mesma importância que dão aos BBB’s o mundo seria, pra dizer o mínimo, mais justo.

Parabéns pelo post! Grande abraço, parceiro.

#2 xampa on 03.08.10 at 9:45 am

bela historia. com o tempo dá para entender o que se passa na cabeça do Chris.

#3 Renato on 03.08.10 at 1:06 pm

Coincidência, pude assistir ao filme no mês passado. É muito bom, e como você disse, deixa a gente pensando um bocado a respeito de tudo.

Recomendo o filme, e agora, vou comprar o livro!

#4 CLÁUDIO FUZINO on 03.08.10 at 5:22 pm

Sempre que eu te empresto um livro, fico aguardando uma bela resenha sobre a obra. Esta também não fugiu à regra. Um abraço!

#5 Thiago Bomfim on 04.18.10 at 4:31 pm

Já havia assistido o filme, uma dezena de vezes, e agora li o livro. Todas as vezes que relembro a trajetória de ‘Alexander Supertramp’, o impacto é o mesmo.

Chris McCandless é do tipo de gente que deixa rastros, tanto para quem teve a oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, quanto para aqueles que só ouviram falar de sua história.

#6 Bruna on 10.22.10 at 8:52 am

Diria que esse filme, me ensinou muitas coisas..principalmente a dar valor em cada coisas pequenas que acontecem no cotidiano,a dar o respeito e valor pessoas que realmente querem o nosso bem, e as que aparece só de passagem mas estende a mão para nos ajudar..
Demorei muito para perceber que é assim todo mundo teria que agir, assim talvez o mundo seria melhor.
Quem me dera ter a coragem de Chris, larga tudo e não olhar pra trás..
Estou curiosa para ler o livro, confesso…
Deve se apronfundar mais nas frases lindas de Chris, nas quais sou apaixonada de coração.

#7 Filme: 127 Horas… de Superação! — Transpirando.com on 02.28.11 at 7:06 am

[…] filme, enquanto Aron estava preso naquela pedra, eu me lembrava de Chris McClandess, do filme/livro Na Natureza Selvagem. Impossível, pelo menos para mim, não fazer um paralelo entre estes dois personagens. Ambos […]

#8 REginaldo on 03.10.11 at 8:27 am

Meu amigo assisti esse filme ontem 09/03/2011, nossa o filme é muito bom gostei mesmo. Para nós que gostamos de aventuras, montanhas e caminhadas por ai, o filme é show. Nao li o livro ainda mas vou ler.
O mais bacana do filme é quando ele descobre que a felicidade deve ser compartilhada.
Bom filme o livro deve ser ainda melhor. Lembrei do Pedro Hauck e do Parofes quando eles resolvem sair assim viajando por ai.
abraço

#9 Eder Silva on 07.05.11 at 3:09 pm

Vejo nas linhas do livro, nas imagens do filme e na beleza intrínseca da canção society a vida que percorre nas veias de cada um de nós. Os anseios, os temores, as grandes lacunas de nossa memória, enfim, palavras e ações que se combinam, arrebatando o espírito cansado da vida segura, mesquinha e idiota de uma sociedade decadente…
Ótima resenha!!! Saúde e Paz plena em Cristo!

#10 Guilherme Durenti on 02.27.12 at 11:57 pm

Te pucho cara…Eu tava indo dormir qndo comecei a ler esses seus penssamentos ae cara,não resisti tive de ler tudu e ainda li todos comentarios…Impossivel não se comover com essa historia aí…Realmente o Chris éra um genio,e o eddie vedder tambem,espero algum dia ter a coragem e sabedoria dele…Para viver uma aventura tão glorioza quanto a dele…Cara impossivel viver nessa decada q estamos vivendo…Saber o quão desemportante se tornou a humanidade ,o quão ignorantes e impuros se tornamos.Que as vezes eu me pego olhando tv ou uma noticia sobre essa midia estranha …sobre esse bbb e novelas q fantasiam a porcaria de uma vida perturbada e ambiciosa q eu xego a fica grrrr cara…E falta pouco para eu criar essa coragem e ir fazer minha trilha sozinhu…+ parabens para vc q escreveu e para as pessoas dos comentarios…é bom saber q ainda existem pessoas q vale a pena conhecer e compartilhar experiencias e aventura…abrassos a todos /\ Agora vou durmir um pouco + não deixarei de penssar um pouco sobre isso . fui-me

#11 rute de souza fagundes on 04.24.12 at 4:03 pm

este filme relata uma experiência muito legal e loca

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