A Religiosidade da Minha Bicicleta

Quando comprei a minha primeira mountain bike achei que iria ser divertido mas acabei me surpreendendo. O número de aventuras que fiz naqueles primeiros anos foi algo muito além do que eu imaginava inicialmente. Conheci muita gente legal e pedalei mais de 4.000km, isto em um único ano.

Conheci muito o interior da região metropolitana de Curitiba, lugares que nunca teria ido se não fosse uma bicicleta, com uns bons amigos que tinham uma disposição enorme para pedalar todo final de semana. E nestas pedaladas eu conheci muitas igrejas, mas muitas mesmo! 🙂

Na minha primeira época de ouro do pedal (1992 -> 1994/5) eu havia comprado minha máquina fotográfica profissional, uma Nikon FM-2. Nossa, ainda tenho ela aqui em casa, mas coitada, está para virar ninho de fungos. Se algum ainda se interessa por câmeras analógicas e totalmente manuais, fale comigo!

Eu não tirava tantas fotos assim, ainda mais que os filmes eram somente de 36 poses (os grandes) e ainda por cima existia um negócio chamado revelação 🙂 Hoje em dia, na segunda época de ouro do meu pedal (2008 -> hoje), tiro quilos de fotos, edito vídeos e guardo tudo no computador, fácil, fácil.

Daí que resolvi retomar uma ideia muuuuito antiga, da época da câmera analógica, que era fotografar as igrejas que eu encontrava no caminho dos pedais. Para você ter uma ideia de como existem igrejas me estradas de interior, dê uma olhada nestas fotos. Elas são de três passeios diferentes. A segunda (de noite), foi quando ganhei a minha bike nova. As outras noturnas são do Pedal Noturno Rumo ao Vale do Rio Sagrado. Todas as outras foram do último pedal, que foi na Ferraria e Colônias Rebouças e Don Pedro.

Nunca entrei em nenhuma igreja destas, não sou religioso o bastante para isso, mas tenho uma simpatia e um carinho todo especial por elas. Afinal, já passei pela frente de cada uma algumas vezes e somos velhos conhecidos. Minha religião é o esporte, e é nele que rezo, medito e tiro algumas das ações para a minha vida.

Sou daqueles caras difíceis de chorar, mas o esporte consegue me emocionar nas mais pequenas coisas. Também é verdade que quando você tem um filho, o choro vem como mais facilidade, mas a minha religiosidade esportiva ainda me emociona com uma grande frequencia.

Teve uma época que pedalei bastante nos domingos, com o Minduim. Calhava de chegarmos nestas igrejas por volta das dez da manhã e era uma festa. Ficávamos ali, parados, vendo o pessoal da comunidade sair da missa. Pessoas comuns, como a gente, mas mais simples, da colônia. A maioria vêm à pé, mas tem alguns de carro também. Fuscas velhos, Brasílias e até Variants. Mãe, tia, sobrinhas, e claro, a avó, que não pode deixar de faltar. Roupas bonitas, de domingo, nem sempre combinando, mas com ar de importantes.

E a gente ali, com roupas colantes, capacete na cabeça, óculos escuros e cores berrantes. O que será que pensavam da gente? Será que achavam que éramos tão estranhos para eles quanto a gente achava deles? Não dá para saber, pois a conversa com o pessoal saindo da missa nunca foi o nosso forte.

Conhecíamos mais os botecos do interior do que o âmago das igrejas. Mas isso, meu amigo, é uma história que vou contar outro dia. 🙂

3 comentários ↓

#1 du on 07.01.09 at 12:33 pm

Eu mais ou menos cheguei a uma conclusão parecida. Para existir uma vila, primeiro vem a igreja, depois vem as pessoas. Dificil ir pra algum canto por aí que haja 1/2 dúzia de casinhas e não tenha algum tipo de templo.

#2 Marco Aurelio on 07.01.09 at 3:01 pm

Com a benção de São Sebastião protetor dos atletas, ainda passaremos por muitas igrejas e continuaremos sendo vistos como et´s.

Proponho montarmos outro projeto: “O Grau etilíco da minha bike”, afinal depois da missa todos iam para o Boteco, rsss.

Abraços.

#3 Fabrício Souza on 07.01.09 at 10:39 pm

Muito interessante este seu post… Eu também já havia notado, sempre presente e no mais longínquo das estradas e comunidades lá está ela a “igrejinha”. Já me passou pela cabeça em fazer uma espécie de catalogação, claro que é só uma desculpa para pedalar por estes locais novamente!

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