No segundo dia do Circuito Vale Europeu, 12/07/2009, as nossas preces se concretizaram. Antes das sete horas da manhã olhei para o céu e ele estava azulzinho, com poucas nuvens no céu. Depois de um dia inteiro com chuva na cabeça, foi uma ótima visão para recuperar todo o ânimo e alegria! 🙂
Eu já conhecia a Pousada Max dos tempos do vôo-livre e era lá que sempre nos hospedávamos. Do café eu não lembrava muito, mas não me parecia ser tão bom quanto foi desta vez. Todo mundo gostou e repetimos várias vezes. Aliás, esta foi a nossa técnica durante todo o circuito, já que não parávamos para almoçar.
O esquema era comer muito bem no café, fazer alguns sanduíches quando possível e complementar no caminho com a parafernália de comida que havíamos levado (banana passa, mistura de grãos, géis de carboidrato e barras de proteína).
Ainda saímos tarde, por volta das 11:00h, mas pelo menos foi melhor que o dia anterior. Com todas as roupas secas e os ânimos renovados, partimos em direção a Indaial. Aqui vale um adendo, pois os roteiros, pelo menos na parte baixa do circuito, fazem algumas voltas até se chegar à cidade de destino. Se fosse para ir reto, a distância não deveria passar de 20 ou 25 quilômetros, mas neste caso a planilha marcava 40.
Estas voltas sempre têm alguma razão de ser: uma por fazer o trajeto sempre por estradas de chão, utilizando o asfalto o mínimo possível. A outra é visitar bairros ou locais típicos que de outra maneira não seriam vistos, que é o caso dos bairros de Wunderwald, em Pomerode, e Mulde, em Timbó.
Dica: carimbe o seu passaporte com antecedência. É fácil, na correria de sair, esquecer e perder o carimbo do dia. Guarde-o, junto com o livreto do circuito, em um case de plástico, para evitar que eles se molhem.
Ainda dentro de Pomerode notei como a parte de ciclovias e ciclofaixas é desenvolvido naquela região, um assombro (e uma vergonha) se comparado o tamanho daquelas cidades com Curitiba. Tudo bem que já existe uma cultura local de uso de bicicleta, sobretudo para os trabalhadores das fábricas locais, mas mesmo assim estamos anos atrasados neste quesito.
Logo no início do pedal paramos em uma farmácia pois eu queria fazer um experimento: pesar todo mundo antes da viagem para, no último dia, pesar de novo. O começo eu consegui, e todo mundo subiu na balança. O problema é que no último dia, mesmo tendo uma farmácia do outro lado da rua, ninguém quis mais participar da brincadeira. Acho que foi meeeeedo 🙂
Mas no geral acho que ninguém ganhou peso significativo pois, apesar de comermos bem mais que o normal, pedalávamos o dia inteiro, queimando muitas calorias…
Entramos no roteiro da planilha após poucos quilômetros e já era perto do meio dia. O calor começou a bater e começamos a descascar a cebola, isto é, tirar as roupas, camadas por camadas, até ficar fresco e não suar tanto. Além disso sempre fazíamos um alongamento logo no início de cada dia.
O bairro de Wunderwald, no início do trajeto, é muito bonito. Estradinhas de interior, casas antigas, quase todas em estilo alemão e muito bem cuidadas, mesmo sendo simples. Este cuidado com as casas, jardins e afins, foi uma constante no circuito. Não vejo isso no interior do Paraná ou outros estados (fora perto de Gramado e Canela, no Rio Grande do Sul). Realmente a colonização faz a diferença numa hora destas.
Dica: todo o trajeto do circuito tem muitas árvores frutíferas. Seja educado, peça permissão e se esbalde. Comemos muita mexirica e achamos até um pé de carambola (ou a fruta com gosto de infância, como diria minha mãe). 🙂
No primeiro dia eu já havia fotografado uma igreja mas, quando vi várias pipocarem na minha frente, não resisti e resolvi fotografar todas até o final do circuito, seguindo o meu artigo sobre A Religiosidade da Minha Bicicleta. 🙂
Neste dia foi quando erramos o trajeto pela primeira (e única) vez. Ao entrar no acesso principal de Pomerode, acabamos perdendo uma indicação de entrada e rodamos três quilômetros até nos darmos conta que havíamos errado. Depois de uma rápida reunião de cúpula e checagem das planilhas, resolvemos voltar e tudo deu certo.
Aqui vale um interlúdio…
As sinalizações no circuito são muito boas e dão um ótimo complemento às planilhas. Normalmente elas são setas pintadas nos postes ou em locais estratégicos, indicando o caminho a seguir. Depois que você se acostuma, é fácil vê-las até onde não existem, o que me ocorreu uma ou duas vezes pela ânsia de verificar se o caminho estava certo.
No primeiro dia, como tudo era novidade, acabamos não dando a devida atenção à planilha e a deixamos dentro da mochila. Notamos que assim não iria funcionar e a Bel se prontificou a assumir a navegação a partir do segundo dia. Eu apoiei, pois daí poderia ficar focado somente em fotografar e filmar, que já é um grande trabalho. Para ajudá-la, e como não tínhamos uma prancheta no guidão, fiz um porta planilha no quadro da bicicleta dela. E não é que funcionou direitinho! O quadro é quadrado e, com a ajuda de um papelão, fita crepe, tesoura e alguns saquinhos plásticos transparentes, para proteger da água, acabei fazendo um ótimo trabalho. 🙂
E falando na Bel, o treinamento que fizemos com ela, com a ajuda da Assessoria Esportiva BPM, valeu muito. Em praticamente um mês ela conseguiu um condicionamento físico que não tinha a vários anos!
Fim do interlúdio! 🙂
Ao voltar à rota principal, entramos no caminho para o bairro de Mulde, em Timbó.
– Timbó? Mas vocês não vieram de lá no primeiro dia? O caminho não era para Indaial?
Sábia observação pequeno gafanhoto! Mas lembre-se que falei que as estradas nunca seguem a rota principal; elas passam por bairros e estradas de chão, valorizando a beleza, e não o horário de chegar. 🙂
O final da tarde nos brindou com uma luz muito bonita, praticamente dourada, ao chegarmos no segundo ponto mais alto deste dia.
Dali em diante foi uma bela descida até os arredores de Indaial, já com o sol se pondo e a gente se encebolando novamente. 🙂
A noite chegou e cruzamos a BR-470, fazendo o último pedaço do trajeto, ainda em estrada de chão. Passamos ao lado do enorme rio Itajaí-Açu, com sua força batendo nas pedras ao longo da via. Como já estava bem escuro e o céu muito limpo, aproveitei e dei uma aulinha de astronomia, mostrando algumas constelações para o pessoal, como havia feito no Pedal Noturno Rumo ao Vale do Rio Sagrado.
Chegamos ao Hotel Larsen já de noite e fomos para a romaria banho-comida-cama. 🙂
Este hotel, apesar da simpatia do dono, foi o pior que ficamos em todo o circuito. Pior no sentido de comparação com os outros lugares, pois Indaial é uma cidade relativamente grande e poderia ter um lugar um pouco mais limpo e cuidado.
Abaixo nós no restaurante, cansados e de barriga cheia. Notem que estou vestido com a camiseta do Odois. Corram e comprem deles! 🙂
Dica: leve uma cordinha e fita crepe. Você não imagina como estes itens são úteis. Seja para fazer varal para secar roupa como para fechar, colar e até para consertar uma capa de chuvas rasgada!
Resumo do dia: partimos às 11:18h e chegamos 19:08h, pedalando cerca de 50 quilômetros e queimando 3.928 calorias.
Veja abaixo o vídeo deste dia de circuito:
Veja também:
- Circuito Vale Europeu: Resumo em Números
- Circuito Vale Europeu – Primeiro Dia: Timbó a Pomerode
- Circuito Vale Europeu – Segundo Dia: Pomerode a Indaial
- Circuito Vale Europeu – Terceiro Dia: Indaial a Rodeio
- Circuito Vale Europeu – Quarto Dia: Rodeio a Doutor Pedrinho
- Circuito Vale Europeu – Quinto Dia: Doutor Pedrinho a Alto Cedros
- Circuito Vale Europeu – Sexto Dia: Alto Cedros a Palmeiras
- Circuito Vale Europeu – Sétimo Dia: Palmeiras a Timbó
3 comentários ↓
uhuuu,, muito bom !!!!
video sensacional!!! vamos para 03 !!!!!
Bel, amei as fotos! Que aventura! Parabens!
É Mildão, aguenta o coração ciclístico bruto aí porque vale europeu é isso mesmo, um dia melhor que o outro, é cicloturismo de raíz!!
Rodrigão, valeu pela camiseta do O²!! Vamos acertar aquela vinheta então? heheh
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